Blogumulus by Roy Tanck and Amanda Fazani

domingo, 27 de setembro de 2009

Emoção de pai para filho

Além de nos legar um belo par de olhos, a paternidade também está associada ao surgimento da depressão e dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes. Mas esse mesmo elo pode ajudá-los a superar dramas do gênero.

Acredite: milhões de meninos e meninas Brasil afora enfrentam as dores da alma ao longo da infância ou da adolescência. E o pior: com altos índeces de reincidência depois das primeiras manifestações. O mais impressionante, no entanto, é o que revela dois recentes estudos americanos, um da Universidade de Vanderbilt e outro do Johns Hopkins Children's Center. Eles mostram que filhos de pais depressivos ou com desordens de ansiedade são até sete vezes mais suscetíveis do que outras crianças a apresentar esse tipo de transtorno. Felizmente, também de acordo com as duas pesquisas, dá para interromper o ciclo desses distúrbios psicológicos de forma precoce.
"Esses problemas, que incluem a síndrome do pânico e as fobias, resultam de uma combinação entre predisposição genética e fatores ambientais", resume a psiquiatra infantil Ana Kleinman, coordenadora do Programa de Transtornos do Humor da Infância e Adolescência (Proman) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Pais depressivos ou ansiosos, além dos genes que transmitem aos filhos, podem ter maior dificuldades para dar a atenção de que a moçada precisa", acredita.
A falta de paciência, a agressividade e a indiferença dos adultos podem gerar uma sensação de abandono emocional na garotada. E, para complicar tudo, essa turma teme ver o pai ou a mão reagir mal diante de suas necessidades. No consultório de Ana, por exemplo, a cena é relativamente comum: ao perguntar a seus jovens pacientes se acham que a vida se passa em uma tela de TV em preto em branco, em geral a médica ouve respostas que refletem angústias e perturbações atípicas da faixa etária.
Com olhares esquivos, voz baixa e dicção lenta, os meninos expressam, a partir dessa provação, quanto o mundo à sua volta perdeu o brilho e a cor. E começam a buscar explicações para a falta de prazer, o tédio e a desesperança. De acordo com a situação, tentam entender por que passam a ficar irritados por todo, sempre prontos para brigar com pais, amigos e professores. Ah, sim, o sinal de que algo não vai bem costuma soar tanto em casa quando na escola. Não é raro que a queda no desempenho durante as aulas seja a primeira chamada para o estado de melancolia que se instala.

[ Crie hábitos de questionar-se: Quando conversei com meu filho pela última vez? Será que expliquei a ele por que estou nervoso esta semana? ]

O mal-estar em uma idade precoce, obviamente, causa culpa nos pais. Mas é preciso esquivar-se desse sentimento. Adultos também são vítimas de mazelas emocionais. "Muitos nos procuram porque seus filhos não estão bem e depois descobrimos que eles precisam de ajuda tanto quando os jovens", confirma a psiquiatra Ana Kleinman. O psicólogo Roberto Banaco, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vai além: "O risco de insucesso é grande quando só a criança recebe terapia".
Vale lembrar que existem outros fatores para o surgimento da depressão em garotos e garotas, teens ou não, como preconceito e gozação na escola[bullying]. O certo é que os transtornos psíquicos sempre desencadeiam algum prejuízo. "Por isso, qualquer atitude que caracterize uma tentativa do jovem de se afastar das coisas que ele gostava de fazer ou sempre fez merece ser investigada", explica Roberto Banaco.
Passar mais tempo ao lado do filho elogiando bons comportamentos em vez de fazer cobranças - que só vão torná-los mais recluso - é um bom começo. Assim como é prova de amor apontar gentil e firmemente posturas indesejáveis e oferecer a ele oportunidades de executar tarefas para as quais tenha habilidade. Nessa escalada, é possível contar com a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. O tratamento analítico ou medicamentoso - ambos têm a mesma eficácia, segundo os resultados de um estudo patrocinado pelo Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos - pode ser a corda que puxará toda a família do fundo do poço rumo ao alto-astral.

DE OLHO NO FUTURO
Algumas atitudes fazem a família
compartilhar sentimentos e posicionar-se lado a lado

Apresente problemas que seus filhos possam resolver e elogie-os todas as vezes em que isso acontecer, mesmo que seja com poucas palavras e um sorriso orgulhoso. Essa recompensa costuma ter efeito benéficos para a autoestima dos jovens.
O mesmo se aplica à imposição de responsabilidades. Faça-as gradativamente, em pequenos passos. Primeiro, a ordem para arrumar o quarto. Depois que isso estiver incorporado, a etapa seguinte poder ser lavar a louça, por exemplo.
Encontrar tempo para cuidar de si e da família é tão saudável que deveria ser prescrição médica. Procure aprender quem são vocês e do que precisam.
Cada filho tem suas necessidades, é preciso se adaptar, sem se esquecer de que todos precisam de cuidado e afeto.

[Fonte: Educar para Crescer.]

Flww.


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